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Experimentar sem tocar: a oportunidade da realidade aumentada

Experimentar sem tocar: a oportunidade da realidade aumentada

Por Elton Martins

Será que você se lembra do filme Minority Report, longa-metragem de ficção científica em que Tom Cruise interagia com interfaces que mesclavam o digital com o real? Saiba que um futuro parecido com aquele já se tornou possível com o uso da Realidade Aumentada. Por meio da tecnologia, hoje já podemos “sobrepor” camadas de experiências digitais nas nossas experiências do mundo real.

Parece complexo, mas não é: se você passou pela febre do Pokémon Go e chegou a capturar um monstrinho na sala da sua casa ou se já interagiu com um filtro do Instagram, você já teve experiência de “aumentar a sua realidade”.

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Filtro da Dior com um dos óculos da marca

Dados virtuais sobre um mundo Real

O conceito mais simples de Realidade Aumentada é esse mesmo: sobrepor uma camada de gráficos, áudios ou alguma forma de melhoria sensorial sobre um ambiente do mundo real, em tempo real. De certa forma, muitos de nós já tínhamos uma experiência “à distância” com a Realidade Aumentada ao assistir jogos de futebol. Sabe quando as emissoras aplicam na tela, sobre o gramado dos jogos, uma arte com informações sobre a distância percorrida pela bola em um chute muito veloz? Essas estratégias são conceitualmente uma forma de aumentar e melhorar a realidade com o uso de tecnologia.

A diferença é que hoje cada um de nós pode fazer isso ao vivo, nas nossas próprias casas, usando um simples smartphone. A acessibilidade criada pelos filtros do Instagram, que podem inclusive se tornar jogos interativos, mostra que apesar do estranhamento inicial, as pessoas rapidamente se adaptam à brincadeira e passam a aplicar artes virtuais sobre interações reais.

Para experimentar à distância

Com o tempo, novos e interessantes usos da realidade aumentada têm surgido no horizonte, especialmente para os negócios. Lojas de móveis como a IKEA, por exemplo, estão apostando em aplicativos com filtros de realidade aumentada para permitir que os consumidores “experimentem” um determinado móvel dentro das próprias casas. Basta apontar a câmera do smartphone para um canto da casa e pronto, a mesa de jantar aparece posicionada, mostrando como ela combina com aquele ambiente.

https://www.youtube.com/watch?v=uLoSnBK9l7c

Marcas de maquiagem também têm usado a realidade aumentada como um “filtro” capaz de “aplicar” a cor de um determinado batom nos lábios das clientes, ajudando-as a selecionar o tom que mais agrada e comprar online, sem sair de casa.

https://www.youtube.com/watch?v=KWOJcOGyHLU

A experimentação possível por meio da Realidade aumentada é tamanha que nos EUA até o exército faz uso da tecnologia para treinamentos de missões militares, nos chamados Ambientes Sintéticos de Treinamento.

Interagindo com dados sem ocupar as mãos

Além da experimentação por meio de filtros e sobreposições, a Realidade Aumentada também tem sido utilizada como interface de apoio para profissionais que precisam acompanhar instruções de forma eficiente e veloz. É o caso dos neurocirurgiões, que usam projeções de Realidade Aumentada como apoio durante procedimentos complexos. Por meio da tecnologia, eles podem “sobrepor” os dados e informações de exames sobre os cérebros dos pacientes em tempo real, aumentando a precisão de cada incisão.

Nas indústrias, profissionais de linhas de montagem se apoiam na Realidade Aumentada para reduzir o tempo necessário para encaixar cada uma das peças. Usando óculos do tipo Google Glass, eles podem projetar o passo a passo à frente dos próprios olhos, ao mesmo tempo em que realizam as atividades. De acordo com dados de um estudo da Boeing, o uso de Realidade Aumentada para guiar os trainees nos passos necessários para uma determinada montagem fez com que eles completassem as tarefas em 35% menos tempo.

Menos esforço mental para conectar físico e digital

A grande vantagem da Realidade Aumentada como tecnologia de interação é a sua capacidade de reduzir o esforço mental necessário para conectar as informações do digital com o mundo físico. Imagine, por exemplo, acompanhar um mapa no celular. O usuário precisa, além de acessar o mapa, fazer a correlação entre o espaço físico (a pista onde um carro circula) e o que aparece na tela (a imagem do que seria a pista).

Com a aplicação da Realidade Aumentada, as informações necessárias são aplicadas diretamente no cenário, facilitando muito a compreensão das instruções e até mesmo a imersão.

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Aplicação de Realidade Virtual em parabrisa de carros para indicar trajetos

Atualmente, as principais inovações em termos de Realidade Aumentada ainda ficam razoavelmente limitadas às interações via smartphones, que são os dispositivos mais acessíveis. Apesar disso, os resultados são bastante promissores.

Afinal, a mesma dinâmica dos filtros do Instagram é bastante útil para demonstrar tons de batom, sombras, efeitos de rímel e toda sorte de aplicação facial, que pode facilmente ser experimentada virtualmente. Além de impulsionar as vendas do setor de beleza, é uma alternativa especialmente interessante em tempos de compra online e de distanciamento social, decorrente dos receios com a pandemia do novo coronavírus.

Na área de decoração, os filtros podem também funcionar para itens que vão além de colocar os móveis dispostos virtualmente em um cômodo do mundo real. Todo o setor de acabamento de interiores pode fazer uso da Realidade Aumentada para demonstrar os efeitos de diferentes cores de paredes ou até mesmo de novos tipos de pisos. Muito melhor do que tentar explicar o efeito usando apenas uma pequena amostra de tinta ou tecido, tudo sem a menor quebradeira.

 

Simples que resolve

O que define a complexidade de uma tecnologia tem muito mais a ver com a sua aplicação prática do que com a sua dificuldade conceitual. Ainda que seja um conceito novo, a Realidade Aumentada com aplicações simples, como a criação de um filtro para smartphones, pode ter resultados tão impactantes quanto os de uma implementação mais complexa, como a criação de um sistema inteiro de treinamento militar imersivo, ou a confecção de guias de montagem de realidade virtual, com o apoio de equipamentos como o Google Glass.

O que sempre digo aqui na Devell é que o bom resultado das aplicações não é sempre diretamente proporcional à sua complexidade. Usando apenas sobreposições simples, experimentações de batons ou de chapéus podem alavancar as vendas. Segundo dados da marca de chapéus norte-americana Tenth Street, desde que foi implementada uma funcionalidade de Realidade Aumentada para a experimentação dos chapéus da marca, a taxa de conversão aumentou em 52%. Por terem a chance de experimentar os itens, ainda que virtualmente, os consumidores ficavam 2 vezes mais propensos a completar uma compra. Tudo isso com uma simples sobreposição como a da imagem abaixo.

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Por isso, vale a pena ficar sempre atento às novidades, às facilidades de implementação e, principalmente, se abrir a ser criativo nas formas de interagir com o público. Se vamos viver tempos em que talvez tenhamos que estar mais distanciados fisicamente, apostar na realidade aumentada pode ser uma boa alternativa para estar mais perto, ainda que distante.

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