Mais veloz, mais precisa: como a inteligência artificial poderá impactar medicina diagnóstica
Por Elton Martins
Se você já leu meus artigos anteriores, pode achar que eu estou ficando monotemático. Medicina e tecnologia de novo, Elton? Pois é. Acontece que se uma simples teleconsulta pode salvar vidas, imagine só as maravilhas que a Inteligência Artificial (IA) também pode fazer pelos profissionais da saúde!
Longe de ser uma ameaça para o setor, a IA pode ser uma incrível ferramenta para trazer ainda mais eficiência nos procedimentos de saúde, especialmente na medicina diagnóstica. Afinal, softwares e algoritmos complexos de IA podem “emular” a forma de pensar de médicos e especialistas da área da saúde, analisando, interpretando e compreendendo complicados dados médicos. Se bem treinado, uma IA torna-se capaz de reconhecer padrões repetidos e sugerir potenciais tomadas de decisão com base nos dados a que tem acesso.
Esse tipo de capacidade torna a IA excelente para acelerar a realização de laudos médicos com base em exames de imagem, por exemplo. Ao contrário dos humanos, robôs de IA podem funcionar 24 horas por dia, 7 dias por semana, sem apresentar estafa e serem menos sujeitos a falhas processuais. Coletar, monitorar e rastrear grandes massas de dados para sugerir soluções ou apontar caminhos é o que os robôs fazem de melhor – e, dessa forma, médicos e profissionais da saúde que se dedicam à nobre função de diagnosticar e fazer laudos de exames podem passar a atuar em atividades onde o seu senso crítico e experiência sejam mais bem aproveitados.
Como especialista em tecnologia, acredito que quando bem recebidos pelos profissionais de saúde e bem configurados pelos desenvolvedores, os algoritmos de IA podem se tornar uma importante ferramenta para que médicos e enfermeiros possam atuar com mais eficiência, deixando as tarefas repetitivas para os robôs e focando no que sabem fazer de melhor: analisar, ponderar e cuidar das pessoas.
Um desenvolvedor e um médico entram em um hospital…
Parece o começo de uma piada ruim, mas na verdade esse pode ser o jeito perfeito para que uma equipe multidisciplinar transforme os processos de atendimento médico. Exames de imagem e radiológicos, por exemplo, podem ganhar uma enorme precisão e velocidade de diagnóstico se combinados com algoritmos de IA. Em geral, este é um setor que precisa de olhares atentos, que “escaneiam” as imagens em busca de determinadas informações que possam indicar um pulmão comprometido ou um indício de fratura, por exemplo. Se treinada com uma base de dados previamente selecionada por médicos e radiologistas experientes, uma IA pode processar centenas de exames de imagem em tempo recorde, com diagnósticos ainda mais precisos, já que um algoritmo é capaz de identificar granularidades de imagem que nem mesmo os olhos mais treinados conseguem ver.
Ambientes hospitalares que já tenham sido digitalizados também podem ganhar agilidade com a IA. Com essa tecnologia aplicada a sistemas de prontuários eletrônicos, médicos poderiam ver no próprio prontuário a chance de sucesso de diversos tratamentos, já que a IA é capaz de fazer o cruzamento dos dados informados no prontuário eletrônico (como idade e histórico médico) com os resultados de exames, apontando sugestões de tratamento. Nesse cenário, o médico passa a atuar menos como uma enciclopédia de diagnósticos e mais como um especialista experiente, dedicado a fazer a filtragem e ponderação das informações sugeridas pelos algoritmos na busca por soluções que se adequem à realidade dos pacientes.
Até mesmo interações farmacológicas podem ser previstas e apontadas por algoritmos de inteligência artificial, auxiliando os profissionais da saúde no acompanhamento de tratamentos mais complexos. Afinal, quanto mais medicamentos envolvidos, maior será a dificuldade de antecipar potenciais interações farmacológicas que possam impactar negativamente nos tratamentos. Tecnicamente falando, esse tipo de desafio pode ser superado com o uso de robôs de IA que possam percorrer prontuários eletrônicos e bulas digitalizadas para sinalizar caso exista alguma interação entre os medicamentos que estão sendo receitados a um determinado paciente e os que são de uso contínuo, por exemplo, apoiando os médicos no acompanhamento de cada caso.
Nos hospitais, a IA também pode ser uma importante aliada na triagem de casos, seja no pronto-atendimento ou nas internações. Em um momento de pandemia de COVID-19, por exemplo, processos de telemedicina podem ter sua eficiência potencializada por robôs de atendimento, capazes de funcionar 24 horas por dia para ajudar a fazer a triagem dos pacientes que devem ou não comparecer a um hospital para um atendimento de emergência. Quando o paciente já está hospitalizado, um ambiente médico conectado e digitalizado pode se apoiar nos dados e nas indicações de algoritmos de inteligência artificial para decidir com base em evidências médicas e diagnósticas quem deveria ter prioridade de uso dos recursos de unidades de terapia intensiva, por exemplo. Ao poderem contar com esse auxílio tecnológico para a tomada de decisão sobre a gestão dos recursos hospitalares, os profissionais de saúde se sentem mais confiantes (e menos estressados) para agirem em situações frequentes dos seus cotidianos.
Adaptações e cuidados no front tecnológico e médico
Como toda inovação, a IA na área da saúde também requer cuidados e adaptações, seja do time de tecnologia ou da equipe médica. Enquanto os profissionais de saúde precisam se adaptar para aprender a usar os dados para informar as melhores decisões de tratamento ou diagnósticos, os desenvolvedores também precisam se dedicar a garantir que os dados dos pacientes sejam mantidos criptografados e seguros, garantindo a privacidade necessária para um atendimento médico ético.
Como líder de tecnologia na Devell, tenho escutado atentamente às necessidades específicas do setor médico, e percebi que o principal desafio de colocar a IA para dentro da medicina não é só técnico, mas também tem a ver com o cuidado na implementação e na adaptação às demandas das equipes que vão usar os sistemas no dia a dia. Fazer parte da transformação digital da medicina vai requerer profissionais capazes de desenvolver softwares robustos, seguros e alinhados com as exigências da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). O grande diferencial do sucesso dessa transformação, contudo, vai estar diretamente relacionado à capacidade de fazer com que esse software tenha usabilidade para que as equipes de saúde que forem manuseá-lo no dia a dia possa fazer isso com confiança e facilidade.
Estou longe de acreditar que a tecnologia vá substituir o importante trabalho de médicos e enfermeiros. Muito pelo contrário. O que a automação e a inteligência artificial poderão fazer é tirar dos ombros desses profissionais o trabalho mais repetitivo e demandante de tempo, para que eles possam se dedicar ao nenhum algoritmo ou inteligência artificial consegue fazer: analisar, ponderar, tomar decisões e aconselhar os pacientes sobre os melhores cursos de ação para que eles possam superar suas questões de saúde e se manterem saudáveis.
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Conhece médicos, gestores ou profissionais da saúde interessados em usar mais tecnologia para tornar os processos hospitalares eficientes? Marque o nome deles aqui para que eles possam conhecer essas possibilidades. A Devell, uma consultoria de tecnologia cuidadosa e participativa, está preparada para ser uma parceira nesse movimento de transformação digital, pronta para ajudar a encontrar as melhores formas de adequar as possibilidades da tecnologia às realidades dos desafios da área médica.